#HiLoFood: Dois veganos em NY, um fast food e um elegante, pra confundir qualquer churrasqueiro

Eu amo bichíneos, mas ainda amo comer picanha (sangrando) (e com aquele naco de gordura na borda). Foi nessa vida desequilibrada, e depois de passar por alguns restaurantes veganos aqui em NY, que descobri que há vida pós churras, ovos, leite e derivados. Especialmente depois de comer uns hambúrgueres com millennials no By Chloe e de almoçar com a old school da yoga no Candle 79. Vamos à eles.

 

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By Chloe, o fast food vegano que você respeita(rá)

Quando você vem para cá, todo mundo diz: “não deixe de comer no Shake Shack!“. Pois bem, o By Chloe é o Shake Shack sem a carne, e com free refil de ketchup de beterraba e molhinho chipotle de alho e óleo. É muito mais maravilhoso do que parece, tanto que os idealizadores já estão abrindo a sétima loja aqui na City, em menos de três anos do seu lançamento. Começaram com os millennials que circulavam no West Village, e hoje servem também em duas lojas no Soho, uma no Flatiron District, outra para atender os hipsters de Williamsburg, os turistas do Rockefeller Center e, em breve, abrem mais uma no South Street Seaport. Ah, Boston e Los Angeles também têm seu quinhão de plant based food By Chloe. World domination, my friends!

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O que pedir?

Como em todo fast food americano, eu vou no hambúrguer. A ‘carne’ do “The Classic Burger” é feita com soja, lentilha, chia e nozes, e vem com molho especial, cebola, picles, num pão… de batata. Desculpa, não resisti. Mas esse sanduba não tem nada a ver com o Big Mac; é melhor, muito melhor. Outro maravilhoso lá é o “The Guac Burger”, em que a ‘carne’ é feita com feijão preto, quinoa e batata doce, e vem com milho, cebola, guacamole (ah, vá), crispy de tortilhas mexicanas (veganas, claro, e não tipo Doritos), num pão integral.

Pra acompanhar, a batata doce frita (sem óleo, naquele esquema air fryer) é crocante por fora e macia por dentro. Tão boa que eu esqueci de incluir nas fotos das minhas mais recentes refeições lá por motivos de: gula. Tem também Mac n’cheese, um clássico dessa terra, feito com queijo de castanha de caju, parmesão de amêndoa e bacon de shitake que… DÁ LICENÇA! Superando a gourmetização desses substantivos, quem prova só sai ganhando.

Acho que dá pra presumir que o ambiente é descolado; cortes de cabelo moderninhos, iMacs dividindo espaço com as bandejas e trilha sonora provavelmente inspirada no Hot 100 da Billboard. E como tudo que é cool demais, tem suas (várias) excentricidades: tipo água de coco, no coco verde, disposta na geladeira que antecede o caixa, por um preço que qualquer brasileiro que se preze se nega a pagar… Ignore e vá ao que interessa.

Quanto custa?

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Menu dos principais no ByChloe
  • Burger: 10 dólares
  • Fritas: 5 dólares
  • Tax (cerca de 9%) + tips (locais dão de 15% a 20%)
  • Total: com menos de 20 doletas você experimenta o básico, sai super satisfeito e querendo voltar pra provar o resto que lhe parecerá mais suculento depois da primeira mordida. O valor é bem bacana para o padrão de NY, especialmente no que tange comida saudável.
  • Obs. Eu queria frisar que os molhos ketchup de beterraba e chipotle de alho e óleo estão lá, num daqueles recipientes grandes com uma válvula de pressão, pra você se servir à vontade. Eu não tenho maturidade para lidar com essas máquinas.

 

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Candle 79, o vegan sofisticado do Upper East Side

Entrar num restaurante em NY e encontrar uma recepcionista na porta é meio padrão, e não um sinal de refinamento. Mas a formalidade da hostess aqui, de echarpe nude e coque na cabeça, somada à luz baixa do primeiro andar do restaurante e velas estrategicamente posicionadas para honrar o nome desse lugar, indicam um ambiente intimista e menos informal. Tem música instrumental ao fundo, e uma clientela mais madura; provavelmente muitos são moradores das redondezas, metros quadrados tradicionais de Manhattan. Havia uma escultura de Buddha iluminada pela luz natural que entrava nas grandes janelas do segundo andar, onde eu e minha amiga fomos acomodadas para almoçar numa quarta-feira. Menu e carta de vinho às mãos (só servem orgânicos), estamos num dos vegans old school da City, nesse endereço desde 2003.

Costumo dizer que “ferrada, ferrada e meia” (não é bem “ferrada” que eu costumo dizer), então eu e minha companheira de aventuras, Ludi, decidimos tomar um vinho branco, dividir uma entradinha e nos jogarmos nos pratos principais. A entrada foi o que, no menu, mais se assemelhava a nachos… Acho que deu pra perceber que, quando na América, vá de Mexicano! #ChupaTrump

Vinha guacamole, feijão preto, pimenta pico de gallo, chips de banana da terra e molho rancheiro. De prato principal, comi um “Herb Grilled Cauliflower”, que vinha com raízes salteadas, abóbora, pesto e molho à base de manga. Ludi mandou (muito) melhor que eu e pediu um “Wild Mushroom Crepe”, que também vinha com vegetais tipo raízes, abóbora, mix de cogumelos selvagens, espinafre, molhinho alho e óleo trufado e saladinha de rúcula e beterraba para acompanhar. Algo envolto nisso tudo, mais tenro na textura e cortado em pedaços de cerca de 3 cm, possivelmente era soja. Quando provada sozinha, sem graça. Mas no meio de tantos temperos cheirosos, fez muito sentido. Entenda: estávamos destrinchando a parada, juvenis na categoria vegan.

Apesar dos nossos pratos terem bases semelhantes, eram completamente diferentes! E acho que essa é a mágica da culinária vegana… Na capacidade de extrair diferentes interpretações de legumes, verduras, oleaginosas e proteínas “alternativas” de um jeito que provoca inquietude em qualquer molho barbecue regado à sódio e conservantes.

Quanto custa?

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Menu de pratos principais do Candle 79
  • Entrada “Guacamole Timbale” (só eu li Timberlake?): 17 dólares
  • Prato principal: 24 dólares/cada
  • 2 tacinhas de vinho branco (talvez tenham sido 4, mas finge): 12 dólares/cada
  • Tax (cerca de 9%) + tips (locais dão de 15% a 20%)
  • Total: cerca de 55 dólares por pessoa
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Você pode até não abrir mão da salsicha, mas se curte design, branding, timeline moods e tals, deve pelo menos tentar o insta do Restaurante @EatByChloe

Ainda sou um ser humano em evolução, mas reduzi consideravelmente o consumo de carne vermelha nos últimos dois anos. No Brasil, passei a ir na feira; priorizar comida fresca, como mamãe ensinou, faz diferença. Na gringa, comecei a cozinhar usando orgânicos, e passei a experimentar essas outras picanhas… Se você fechar o olho, sabor de lentilha temperada tem poder!

O planeta terra, os porquinhos cor de rosa, e nossos paradigmas quebrados agradecem né, parças? ❤

 

6 comentários Adicione o seu

  1. Sonia Maria Santos de Souza disse:

    Eu sei…mas na minha cadeia evolutiva…estou ainda um pouquinho atrás da minha filhota linda…
    Curto muito um contra filé no ponto….
    Mas…talvez eu ainda consiga melhorar, com a ajuda da minha menina.

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    1. Amanda Denti disse:

      Você já está no caminho, mamaim. Espaguete de abobrinha e tudo… te amo

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  2. fabiola disse:

    Experimentar deve ser uma delícia!!! Parabéns pela matéria!

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    1. Amanda Denti disse:

      Bíola, difícil pros italianos, né? Hahahaha mas a gente tenta. Saudades, beijinho

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  3. Lene disse:

    Muito bom artigo ! Sobretudo para os vegetarianos q ainda hesitam em dar o grande passo para o regime vegano, dá uma boa encorajada ! Adoro esses pratos cheios de coisinhas “estranhas” e ingredientes “exóticos” . Amo essa culinária alternativa ! Deu vontade de visitar esses lugares !
    Chapeau !!!

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    1. Amanda Denti disse:

      Obrigada, Lene! Eu tô super encorajada a tentar ser vegana pelo menos por uns dias na semana… Me sinto tão mais disposta depois de comer limpinho assim! Você também, né? Um beijo!

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