The Met: o museu que você paga o que quiser para ver Picasso, Van Gogh e mais

Primeiro, vamos falar a real: ir ao museu é um super rolê

Eu já pensei que museu que era chato, e muitos dos meus amigos ainda hoje sentem cheiro de naftalina só de ouvir essa palavra. Provavelmente porque a gente foi criado pra achar a arte meio inalcançável e incompreensível, um negócio que só cults de óculos redondo, suéter e cara de desdém entenderiam (ou pior: fingiriam entender). Aí o museu soa mesmo hostil e, por que não, uma experiência meio morta… Mas foi viajando, visitando museus consagrados e pequenas exposições de povos nativos (leia-se: camelôs em ilhotas) que quebrei esse paradigma. Quando eu olho pra uma peça de arte, primeiro, leio o quadrinho do lado – já ajuda, né, parças -, e depois procuro por expressões humanas muito mais cotidianas do que o que a caricatura de apreciadores de arte me permitia enxergar.

 

 

#QuerPagarQuanto no Metropolitan Museum of Art

Vamos ao THE MET Fifth Avenue, o principal e maior museu de NY, que existe desde 1870, tem uma das coleções mais valiosas do mundo e, uma vez na City, só não visita quem não quer. Os valores (em dólares) sugeridos para os tickets são: free para crianças, 12 para estudantes, 17 para idosos e 25 para adultos. E quando eu digo sugeridos, eu quero dizer que você não precisa pagar esses valores: você paga o que acha justo pagar, um sistema de que eles chamam de “Donation-based” (baseado em doações).

Muuuitas empresas e pessoas físicas financiam o Museu, assim como os moradores da cidade, ao pagarem seus impostos. Eu acho bacanérrimo pagar o full price sabendo que ali dentro dá pra se perder por 5 mil anos de história, e preencher um dia inteiro dentro das suas instalações. Quando o visitei pelas duas primeiras vezes, fiz isso. Mas a gente dificilmente disponibiliza um dia inteiro para esse rolê ou explora todas as suas áreas,  principalmente quando viaja só pra passar alguns dias na City. Então, se você for lá ver uma ou outra exposição, apenas, como eu fiz nessa última passagem, não se sinta mal por doar menos do que o preço sugerido… Já vi muitos locais pagando 1 dólar na entrada. E ninguém te trata com hostilidade por isso, viu? Dessa última vez, dei todas as moedas que tinha na minha bolsa (cerca de 4 dólares), planejando ver duas exposições, e recebi do caixa o mesmo “Bom dia, obrigado!” que recebeu o chinês ao meu lado, que pagou o full price. O fluxo de pessoas dentro do MET é insano todos os dias da semana, então caras bacanas como ele compensam turistas com um budget mais apertado como nozes.

Digo isso porque já ouvi de brazucas que, entre visitar um museu ou usar esse dinheiro para fazer uma refeição gostosa, eles iriam na segunda opção. 25 dólares são quase 100 reais, e se a arte for inacessível, perde seu sentido. Eu prefiro pensar assim e ir, do que pensar que é melhor não gastar essa grana só pra conferir uma ou outra novidade lá dentro. 😉

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No Rooftop do MET Fifth Avenue se curte uma das vistas mais bonitas de NY, e é também onde está o bar descolado do Museu. No verão, primavera e outono, dá pra tomar uns bons drinks nessa cobertura, admirando a barreira criada pelas árvores do Central Park em frente aos arranha-céus de Manhattan.

Ah! Entrando no MET Fifth Avenue, você ganha um adesivinho pra colar no peito, que é o seu ticket. Ele permite que você visite, no mesmo dia, os outros dois museus da “família MET”, como o Cloister (Europa Medieval) e o Breuer (Arte Moderna).

 

Coleção clássica do MET: peças de arte imperdíveis

Para ver quadros de Picasso, Monet, Renoir, Van Gogh e toda a sua galera, vá até o segundo andar do Museu e procure pela área de European Paintings.

*Tem legenda em cada fotíneo; clique nas imagens para ler. 

 

Exposições temporárias: pesquise!

Eu comecei a gostar de museus vendo arte moderna. Geralmente é menos sutil, mais apelativa, colorida, sensual, enfim… Cresci consumindo cultura pop, MTV, O Fantástico Mundo de BOB, portanto, Freud explica! Mas aí visitando esse tipo de exposição, me permiti tentar de novo os clássicos, entender o contexto da época, e hoje tudo parece legal.

Então, se você for como eu, e colecionar visitas em museus só lá na sua época escolar, aqueles dias em que a gente tava mais interessado no Fandangos do busão do que na história da arte sacra(zZz), ou em viagens para a Europa, “porque é isso que os guias recomendam fazer”, pense de novo.

Ao planejar uma visita em qualquer museu, cheque também no site ou na entrada a programação das exibições temporárias e se permita ir onde a sua intuição mandar.

Exposições
Entre no site ou pergunte na Recepção do Museu que for visitar sobre as exposições temporárias que estão rolando. Abaixo, duas das esculturas da Exibição Rodin No Met (e o Adão moito mais powerful do que a Eva, ainda que os dois tenham cometido o mesmo pecado…)

*Tem legenda em cada fotíneo; clique nas imagens para ler. 

Nessa minha visita mais recente, acabei visitando três exposições temporárias do Met. Essa, acima, do Rodin; uma que ficava no rooftop, de onde se tem uma das vistas mais bacanas de NY; e uma mais moderninha, sobre as mudanças provocadas na nossa linguagem por conta do celular.

Ps. Por motivos de congelamento, rs, o rooftop fecha no inverno. Então considere a estação do ano quando planejar esse rolê.

 

 

Exposição The Theater of Disappearance

O artista argentino Adrián Villar Rojas é um moço de apenas 37 anos, que escaneou cerca de 100 peças ou detalhes de peças de todas as áreas do Museu, e misturou elas entre si, criando 16 esculturas em branco e preto, muitas impressas usando a tecnologia 3D, que juntas te colocam dentro de um cenário de banquete apocalíptico… Não à toa, as cadeiras que sustentam algumas peças são aquelas modelo Tiffany, que usamos pra sentar em qualquer casamento. Parte das esculturas estão postas sobre a mesa, ao lado de talheres e pratos vazios, como se fossem parte da refeição.

A sensação é a de colar num chá com o chapeleiro maluco e a Alice, lá no país deles. Figuras de diferentes culturas e períodos da história se beijam, saem de dentro uma da outras, e enfim, convivem na não-mais-perfeita-harmonia, rs. Em um dos totens, um homem barbudo carrega uma cabeça grega saindo da sua mochila, e tem uma estátua helenística sentada em um ombro, e uma mesoamericana em outro. A leitura do crítico de arte do NYTimes compara elas com as representações católicas do anjo e do demônio.

Adrián é o artista mais novo a fazer uma exibição na cobertura do MET, área aberta ao público há 30 anos. Suas instalações com a pegada da ficção científica geralmente são feitas à base de argila e cimento, mas aqui ele usou espuma de uretano e tinta industrial pra produzir figuras de tamanho humano, ou ainda maiores.

 

Exposição Talking Pictures: Camera-Phone Conversations Between Artists

Essa terceira exposição mostra o que falei aqui no comecinho do post: a arte se propõe a fazer uma leitura da sociedade, nos seus vícios e virtudes e, quem sabe, as suas provocações podem amenizar os gaps entre gerações e culturas. ELA TÁ POÉTICA ELA.

Mas o MET, ainda que super tradicional, convidou 12 artistas para, durante 5 meses, conduzirem diálogos nos seus smartphones, baseados única e exclusivamente em imagens feitas com o aparelho celular. O conteúdo e a frequência eram determinados pelos artistas, que convidaram outros colegas para estabelecerem suas duplas. Eles não deveriam usar nenhuma legenda para defini-las, e o fluxo foi diverso: teve gente trocando vídeo e foto todo dia, teve gente respondendo ou começando um tópico só quando vivenciava algo muito interessante, e teve artista definindo seu mood do dia com prints de notícias e memes da internet. Quem nunca?!

“Enquanto a câmera antes funcionava como uma ferramenta para preservar o passado, hoje as pessoas compartilham suas experiências visuais em tempo real e com uma intimidade sem precedentes. A fotografia virou algo fluído, instantâneo, efêmero e mais próximo da fala do que a escrita”, como definido na primeira parede da exposição.

Meu perfil @amandadenti no Instagram não podia concordar mais. E o seu?

Em breve farei outros posts sobre diferentes museus de NY!

Obrigada pela leitura 🙂

 

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